O estágio na Engenharia


Desde a promulgação da nova Lei No. 11.788/2008, muita coisa mudou nos estágios obrigatórios e não obrigatórios de estudantes de nível superior. Um dos objetivos foi evitar que empresas contratassem funcionários como estagiários, assim tendo menos encargos trabalhistas. Muitos desses estagiários cumpriam uma carga horária de 40 horas semanais durante anos, tendo pouco tempo para se dedicar ao seu curso superior, que normalmente cursavam no período noturno. Se numa cidade como Ponta Grossa, já era difícil conciliar o estágio e o curso, imagine em grandes centros em que o acadêmico perde muito tempo no deslocamento de casa ao trabalho e depois à escola, como São Paulo, Rio de Janeiro, etc.
O estágio, muitas vezes, não tinha compromisso com o projeto pedagógico do curso, não visando à preparação para a profissão que o aluno iria exercer após a formatura.
Na área da Engenharia, não havia tantos problemas, visto que a maioria dos cursos é em período integral, mas para os cursos noturnos essa lei foi muito bem vinda.
Na maioria dos cursos de Engenharia o estágio é feito junto com disciplinas. Para alguns ramos da Engenharia isso até não é problemático, mas nos cursos em que não seja possível conseguir estágio para todos os alunos na cidade da faculdade ou universidade, esse tipo de estágio fica muito comprometido.
Os cursos que programam um semestre exclusivo para que o acadêmico se dedique ao estágio obrigatório, possibilitam que esse aluno tenha um maior proveito/aprendizado do estágio, já que só se dedicará aos problemas da empresa, não tendo que se preocupar com disciplinas que podem ocupar muito de seu tempo. Normalmente, fazendo estágio junto com disciplinas, o acadêmico não conseguirá fazer nenhuma das duas coisas bem feitas, não sendo tão proveitoso para sua formação.
Para as empresas, que realmente fornecem programas de estágios bem estruturados, a possibilidade do estagiário se dedicar integralmente ao seu projeto de estágio, permite uma maior avaliação do seu potencial e, que no final do período ou no futuro, esse profissional seja efetivado caso tenha um bom desempenho e o mercado possibilite que se abra uma vaga nova na empresa.
Muitos cursos mudaram sua grade curricular para que no último ano do curso o acadêmico possa se dedicar no mínimo um semestre a esse estágio obrigatório, e no outro semestre possa continuar fazendo um estágio não obrigatório, com carga horária menor, tendo que vir poucos dias na universidade para terminar seus créditos. Esse modelo de estágio possibilitou aos egressos desses cursos uma alta empregabilidade, pois realmente podem mostrar o seu valor.
Infelizmente, muitas empresas ainda não conhecem muito bem essa nova lei e não permitem que o estagiário se dedique 8 horas diárias ao seu projeto de estágio. Algumas por medo de problemas trabalhista não permitem que seus estagiários façam mais de 6 horas diárias. Pela Lei 11.788/2008, o acadêmico que durante o estágio não tiver que cursar disciplinas, pode se dedicar 8 horas diárias, não ultrapassando o limite de 40 horas semanais.
O estágio, felizmente para a maioria dos cursos de engenharia, é hoje uma das disciplinas mais importantes de qualquer grade curricular, não sendo mais apenas uma disciplina que o aluno precisa cursar para completar seus créditos obrigatórios para conseguir seu título de Engenheiro.
Por: Engenheiro Químico Carlos José Fernandes Granado, Inspetor do CREA-PR em Ponta Grossa.

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